Recentemente em um treinamento de ARLA 32 um participante me questionou sobre as características da água desmineralizada constante na norma ISO 22241. Este artigo busca sanar a dúvida e expandir nosso conhecimento não apenas sobre a água grau 3, mas também sobre as suas demais variações.
A água é uma substância essencial para a sobrevivência dos organismos em geral. Quando falamos em laboratórios, a água é o solvente mais comum. Por isso, seu controle de qualidade é fundamental.
Utilizada como reagente químico, é necessário que a água seja purificada, no intuito de remover impurezas como microrganismos, íons e matéria orgânica que possam interferir nos procedimentos que se deseja realizar. E cada processo requer um nível de purificação. A variedade de pureza da água (de pura a ultrapura) está baseada nas suas aplicações, tais como preparação de tampões, cultura de células, cromatografia, biologia molecular, histologia, HPLC, análise de TOC, preparação de reagentes e fotometria.
Para o produto ARLA 32, a norma ISO 22241 Parte 1 especifica que a água a ser utilizada em sua fabricação tem definição Grau 3 da ISO 3696 – Water for analytical laboratory use – Specification and test methods. Abaixo segue a tabela classificatória dos diferentes graus de água segundo esta norma.
Classificação dos Diferentes Graus de Água segundo a EN ISO 3696 e CLSI (Clinical and Laboratory Standards Institute)
- Água Grau 3: De acordo com a norma EN ISO 3696, esse tipo de água é aceitável na maioria dos trabalhos que envolvam química líquida (procedimentos manuais baseados na observação), bem como para o preparo de reagentes e soluções, podendo ser utilizada para trabalhos analíticos comuns como: alimentação de autoclave, lavagem de vidrarias, câmaras de estabilidade, geradores de vapor, meios de cultura, esterilização, entre outros.
- Água Grau 2: Indicada para métodos analíticos mais sensíveis, devido seu nível reduzido de contaminantes orgânicos, inorgânicos e coloides. Podendo ser utilizada para: lavagens em geral, preparo de soluções tampão, meios de cultura, histologia, espectrometria de Absorção Atômica, espectrometria UV/Vis, diluição de amostra de reagentes, análises de água (utilizada principalmente na produção de medicamentos), diluição de análise de sangue, câmaras de estabilização, umidificadores, para alimentar equipamentos que irão produzir água do tipo I.
- Água Grau 1: Apropriada para as técnicas analíticas mais sensíveis devido seu alto grau de pureza, livre de coloides iônicos ou dissolvidos e de contaminantes orgânicos, apropriada. Essa água pode ser utilizada para: ICP-MS, ICP-PES, cromatografia em geral (HPLC, LC-MS, LC-MS/MS, GC-MS, GC-MS/MS, IC), análise de elementos traços e análises quantitativas, biologia molecular, eletroquímica, eletroforese, cultura de tecidos, entre outros.
Métodos de purificação de água:
Atualmente, existem vários métodos para remoção de impurezas, por isso é necessário, muitas vezes, recorrer a uma combinação de tecnologias, associando suas vantagens, a fim de se obter uma água de alta qualidade.
Além disso, algumas medidas anteriores e posteriores ao processo de purificação da água podem ser necessárias para melhorar a eficiência do processo de purificação, como, por exemplo: a manutenção preventiva e a limpeza das caixas-d’água e a instalação de filtros prévios ao sistema automatizado de purificação.
Os principais meios de purificação utilizados são:
- Filtração: processo de separação de partículas contaminantes presentes na água por meio da utilização de um material poroso, como filtros de carvão ativado ou de celulose.
- Destilação: é usada para separar misturas homogêneas do tipo sólido-líquido, nas quais os componentes têm pontos de ebulição diferentes. O vapor da água aquecida é condensado, coletado e armazenado, removendo grande parte dos contaminantes.
- Desinfecção por sistema ultravioleta (UV): a água circula no reator de esterilização. Em contato com a luz, os microrganismos são inativados pela luz UV (na faixa de 250 a 270 nm), resultado do dano fotoquímico ao ácido nucleico. A localização da lâmpada deve ser anterior à troca iônica.
- Deionização/desmineralização:é utilizada para remoção de substâncias inorgânicas, empregando-se colunas com resinas carregadas eletricamente, que permitem a troca seletiva de íons por compostos inorgânicos dissolvidos na água.
- Eletrodeionização: é um processo contínuo, em que a água passa em canais, migrando para o canal de eletrodo, seguindo através de membranas permeáveis a ânions e cátions (canais de purificação) e, por fim, pelo canal de concentração. O campo elétrico criado faz que os íons removidos transitem por canais em que ficam concentrados, enquanto o produto transita por outro canal e é estocado. Para evitar a precipitação de carbonato de cálcio ou magnésio, existem partículas de carvão ativado entre as resinas de troca iônica que são continuamente regeneradas pela corrente elétrica.
- Microfiltração e Ultrafiltração: a membrana, que é colocada na saída do sistema de purificação, não permite que quaisquer partículas acima de 0,22 µm a atravessem, promovendo uma filtração esterilizante, como é o caso da microfiltração. Mais recentemente, a ultrafiltração foi proposta como uma forma de eliminar outros contaminantes não eliminados pela microfiltração, pois os poros do filtro são menores, variando de 25 a 3 kDa.
- Osmose reversa: é o processo de passagem de água através de uma membrana semipermeável em um sistema de alta pressão, que força sua passagem pela membrana, retendo partículas, compostos orgânicos e bactérias. Sistemas de osmose reversa são bastante utilizados por indústrias fabricantes de ARLA 32.
Espero que o conteúdo tenha sido útil. Até a próxima!
Faustino Júnior – LinkedIn: faustinojunior | Instagram: @admfaustinojunior
Administrador de Empresas, Consultor Sênior na Merkato, Auditor Líder ISO 9001/22000, Especialista em ARLA 32, desenvolve projetos de ARLA 32 para empresas em todo o Brasil.
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